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quarta-feira, março 15, 2017

fotografias



Cada vez mais leio notícias em sites sobre fotos incríveis de bebês. Foto batida a cada mês, ensaios e mais ensaios, tudo online, tudo na hora, instantâneo.

Estamos criando uma geração que não vai precisar criar sua conta na mídia, ela já existe, sem que ele tenha maturidade pra escolher se quer toda sua vida publicada online ou não. Maturidade mesmo, a gente só alcança aos 30, ou nunca alcance o suficiente. O ponto é, que com nove talvez a criança nem saiba escovar os dentes direito, mas que ela escolha se quer todas as suas fotos abertas ou não.

Tem um filme, não me lembro o nome que a história era a seguinte: o filho processava a mãe fotógrafa que ficou famosa com fotos dos filhos, nus. A vida adolescente dele seria um inferno, ele era chacota por sua vida online. A mãe hippie lifestyle, achava que o mundo deveria ser livre, que o nú era lindo. E é, mas é só a opinião dela. Mesmo sendo fruto do seu próprio corpo, não dá ela o direito de publicar a vida dele, mesmo que seja da infância.

Nunca pari, nunca engravidei, falo da boca pra fora. Do meu enorme julgamento sem conhecimento de causa. Pode ser que os hormônios me façam mudar um dia de idéia, pode ser que não.

Enquanto isso, escrevo aqui pra lembrar ao meu eu futuro, que a privacidade é dele/dela/deles/delas, não minha.

Meus álbuns de foto estão guardadas dentro do quarto dos meus pais, como uma caixa de tesouro. Só sei disso porque ele contou no almoço. Chegou do trabalho, bateu com o pé na quina do baú, aquele objeto que está ali há anos e nunca foi tropeçado até então. Achou ser um sinal, parou a correria, sentou-se, abriu pra saber o que tinha dentro. Era nossa coleção, crianças peladas, chorando, rindo, comendo, tudo que sobrou dos rolos de filme que não queimaram. Guardado, disponível à minha escolha de divulgação.

Não acho que minhas fotos infantis sejam relevantes ao mundo, só ao meu. Espero continuar com esse pensamento até o futuro e que minhas fotos sejam só ele/ela/eles/elas, guardadas, dentro do grupo da família, como um baú.

quarta-feira, março 08, 2017

Ontem avistei um sapato, pura arte. Entrei, experimentei, coisa linda mesmo, arte, juro! Perguntei se ele andaria comigo se eu o usasse, ele disse que não tinha escolha, mas sabiamente me convenceu de que não valia o preço e nem era prioridade. Falei o jantar todo do sapato, avisei que voltaria e compraria mesmo não valendo o preço, era arte, arte é sorte... e só não queria fazer escondido, como boa parte das mulheres fazem dos maridos. Entrei em outra loja, me distraí. Sai da loja e lá estava ele, tomando açaí de paulista, com a bendita mule embalada pra presente. Meu número. Feliz dia das suas vontades à todas. Parimos o mundo inteiro, uma mule não é nada.

quinta-feira, fevereiro 09, 2017

Exosfera

Não é medo, é pavor. Pavor de perder o controle, de que o que a gente mais teme e cuida saia do trilho. Um trem que a gente não pode controlar. Ele segue seu rumo, se quiser, se puder. Não tem o que fazer além da manutenção e rezar pra vender tickets. É trem novo, novo caminho, nova rota. Esperando que um dia ele alcance a exosfera.

quarta-feira, fevereiro 01, 2017

Cléo

A playboy da Cléo Pires já foi melhor. Não me entenda mal, Cléo sempre será Cléo, mas a idolatria que eu tinha por aquela playboy se foi. Se foi hoje, no dia que eu a revi e não vi nada além de uma mulher chamada Cléo. Uma mulher vestida, forte, cheia de si e de vontade própria, maior que o mundo, mas só uma mulher, assim como eu e tantas outras.

o teste do marshmallow

Uma das áreas de atenção de (Sigmund) Freud, o psicanalista, que se indagava por que o homem, sabendo que está construindo sua infelicidade, insiste na obra. Esse assunto interessou a praticamente todos os pensadores da psicologia humana, além de ter sido citado pelos filósofos. Aristóteles, por exemplo, nos alertou que cuidássemos de nossos pensamentos, pois eles virariam ações, que criariam hábitos, que estruturariam nosso caráter, que, por sua vez, definiria nosso destino. Na década de 1960, o psicólogo austríaco Walter Mischel voltou ao assunto em uma pesquisa conhecida como “O Teste do Marshmallow”. Funcionava assim: ele oferecia um marshmallow, ou outra guloseima, para uma criança em idade pré-escolar, com a informação de que se ela não comesse imediatamente mas esperasse alguns minutos, ganharia mais um. 

O dilema era: eu avanço já sobre o marshmallow, aguçando meu desejo e acalentando um instante de imenso prazer, ou espero um pouco, não sei bem quanto tempo, e vou ganhar a oportunidade de ter o prazer em dobro? Prazer imediato garantido versus prazer maior mais tarde. O que você escolheria, caro leitor, se tivesse apenas 5 anos de idade? A descrição das reações dos pequenos provoca riso e pena. As decisões foram diferentes, bem como as estratégias adotadas, principalmente pelos que resolveram esperar. Alguns desviavam o olhar ou falavam sozinhos, sempre na expectativa de encontrar forças para resistir. Pode parecer maldade, mas aquele teste estava apenas simulando uma das milhares de situações com as quais eles ainda se defrontariam pela vida afora. Sim, todos nós temos nossos marshmallows, escolhas, dúvidas sobre como usar nossos esforços a cada momento da vida. 

Duas conclusões importantes foram encontradas pelo pesquisador. A primeira só foi percebida anos depois. As crianças que participaram do teste foram acompanhadas até a vida adulta e a observação foi surpreendente. Os pequenos que resistiram ao impulso e postergaram o prazer tiveram indicadores mais favoráveis na vida. Acontecimentos como casamentos mais estáveis, carreiras mais exitosas, habilidade para ganhar dinheiro, e até saúde física e índice de massa corporal menor. Surpreendente, não? Não para os estudiosos do comportamento. Eles sabem que a força para resistir aos impulsos se transforma em poder de realização. A segunda conclusão é alentadora. Essa qualidade pessoal é, sim, algo que pode ser ensinado, aprimorado, desenvolvido, incorporado. Não é inato. Por isso a pedagoga inglesa Margaret Dawson, uma voz respeitada quando o tema é educação, propõe algumas mudanças no sistema educacional, e o principal é a inclusão do que ela chama de habilidades executivas nas meninas e nos meninos, sendo a primeira a capacidade de resistir a impulsos. O resto será consequência, acredita ela. 

Para pensar… Quanto a mim, ainda me debato com essa dificuldade que, tantas vezes, se transforma em procrastinação, com consequências pouco agradáveis. Não que sirva de consolo, mas sei que não estou só. O próprio Mischel começa seu livro O Teste do Marshmallow (Objetiva), declarando sua dificuldade. “Autocontrole nunca foi meu forte”, confessa sem pudor. Ufa!

O texto não é meu, óbvio, mas poderia ser. É do Seu Eugenio, o meu Deus magia da filosofia de botequim da vida (http://www.eugeniomussak.com.br/deixar-para-depois/)

O teste: