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sexta-feira, setembro 16, 2011

Diagnóstico ambiental

Que história mais banal. A mesma de um milhão de canções de amor, poemas, livros, peças, filmes. Que só fazem sucesso porque são milhões de histórias verdadeiras que, bobas de longe, são insuportavelmente intensas e  profundas de perto. 
Depois da separação, muito depois, ele se apaixonou por outra pessoa,  coisa que no começo parecia impossível. São as tais linhas tortas com as quais escrevemos nossas histórias. Sem nenhuma garantia de que a escrita final resulte certa, como dito popular atribui a Deus. 
Mas é bom lembrar que a expectativa de seguir uma linha reta é irreal; o caminho é atribulado, de vez em quando imprevisível, e às vezes o que sai ao contrário do planejado é exatamente o que nos leva aonde queríamos chegar desde o começo.
Sem esquecer o pretérito imperfeito e aos ressentimentos típicos de relacionamentos rompidos.  
Antes de começar alguma história real, garanta, que o outro saberá tudo sobre você, sobre o outro, por você, pelos dois, pelos três ou quatro.

quarta-feira, setembro 14, 2011

Laços

Eu gosto de chás aos vinte e dois, aos dez, eu chorava copiosamente pra não sentir o cheiro. Não tolero muita coisa, mas tenho aprendido a ser flexível.
Os suportes das bicicletas chegaram, junto com a bola; chegou também a Vogue de setembro e um suspiro aliviado da moça da banca que só vai me ver no mês que vem.
Ando recusando as ligações sobre perdas e suplícios, as ligações entorpecidas. Missoshiro está oficialmente na lista dos vícios.
Tenho estado sem administração financeira, sem a somatória das faturas; estado bem feliz ultimamente; me bastando e ainda sim quero a companhia ao lado. A plenitude dos momentos rondam a rotina. Aprendi a escutar sem ouvir o desnecessário, a ouvir o silêncio ao sorrir.
Olho pela janela e vejo o que antes não enxergava, rio de mim, dos meus acertos.
Tenho respondido perguntas sobre internacional e apreciado uns artistas brasileiros.
Tenho desfeito nós e criado laços, desfaço outros sem culpa. Tenho ido, vindo de algum lugar. Tenho dito não sei, sabendo. Eu protejo os outros com silêncio e me protejo escrevendo. Eu prefiro os laços firmes, aqueles mais difíceis de se fazer e se desfazer. Mas que quando feitos e depois desfeitos, podem se orgulhar de si proprio e falar com convicção 'eu fui um grande laço'. [...] Que é bobagem chorar por laços que parecem desfeitos, mas que continuam firmes. Alguns laços são teimosos, as vezes a gente pensa, puf, lá se foi ele, mas ele vai está sempre ali, que nem alguns amores.

terça-feira, setembro 06, 2011

Todo desejo nasce de uma falta

Desejar mais do que o momento gera garantia de infelicidade. Se admitirmos isso, é possível nos contentarmos mais com a vida, alegrarmos e nos sentirmos mais gratos com que já temos. Não se trata de suprir o desejo, mas de transformá-lo: de desejar um pouco menos aquilo que nos falta e um pouco mais aquilo que temos; de desejar um pouco menos o que não depende de nós e um pouco mais aquilo que depende. Todo desejo nasce de uma falta, de um estado ou condição que nos satisfaz: portanto, enquanto não for satisfeito, ele nada mais é, senão sofrimento.
O que eu pretendo dizer é, mais ação e menos expectativa; Porque ao colocar o desejo de satisfação no futuro, nos deslocamos do presente e aumentamos nossas angustias, o ciclo vicioso. Vivemos continuamente na dimensão do projeto, correndo atrás de objetos, colocados num futuro mais ou menos distante, e pensamos, ilusão suprema, que nossa felicidade depende da realização concreta de fins grandiosos! Pouco importa o que estabelecemos para nos mesmos em quatro meses ou ano que vem. Nenhuma satisfação é duradoura, ela é o ponto de partida para novos desejos e as vezes esquecemos das primeiras, como crianças que desinteressam do brinquedo no dia seguinte ao Natal.  
É necessário aceitar a vida como ela é, e reconciliar-se consigo mesmo. A finalização é sem escape: a felicidade está dentro de nós, e não fora, no outro, no futuro, em universos paralelos, em sonhos, ou em outras circunstâncias. Ao constatar isso, fica bem mais fácil nos livrarmos das formas de sofrimento ocasionados pela  fata que a nossa cultura fragmentária e individualista traz. Somos responsáveis pela escassez que nos aflige. Não nascemos sábios, nos tornamos. E que esta portanto, guie o caminho desse sentimento de vazio.